Sou dissidente!

Novo padrão ortográfico. Sinceramente, vou continuar escrevendo do mesmo jeito. Como disse-me um dia meu pai: "te entendo, vejo a sua lógica, mas estou muito velho para mudar agora."
Na verdade não é uma questão cronológica, mas de identidade cultural, que está sendo atropelada. E como podemos fortalecer uma identidade cultural com tantas mudanças? Em um século foram quantas, só na ortografia? Se for ler uma carta do meu avô, do meu pai, minha e das minhas filhas, colocadas lado a lado, daqui a alguns anos, vão dizer que morávamos em países diferentes!
Sabemos também que o patrimônio cultural é fluido, sujeito a adaptações, porém àquelas que surgem do corpo da sociedade, não como uma imposição. Isso não funciona!
Sou ferrenha defensora da trema: cinqüenta não é cinquenta, assim ninguém agüenta! Não poderemos, a partir de então, comer tranqüilos e com freqüência uma lingüiça. Mas também, justiça seja feita, não haverão mais seqüestros... Já é uma dificuldade na alfabetização brasileira, imagina agora!
Cadê o referendo? Isso é ou não uma questão polêmica pro povo brasileiro? (ah, sim, passa pela educação e cultura... interessa a muito poucos...)
Um companheiro de viagem virtual, que possui os blogs Dicionário Invertebrado e Mosca Azul começou a campanha pela língua pátria mãe gentil. Não vamos mudar nada. Nem o acordo nem nossa forma de escrever!

PS: tudo na vida evolui! Eu, por exemplo, aprendi a lincar no corpo do texto...

Comentários

tai nascimento disse…
Enfim!

Meu professor de redação, uma dia, me disse que eu era completamente careta em não querer aceitar as mudanças constantes no nosso português amado. eu disse pra ele que se isso era ser careta, eu era careta com muito orgulho. Ele riu.

Amo todas as regras, os tremas (são fundamentais, de fato), as crases... todas estas "frescuras futai - como chama o meu professor. Eu fiquei arrasada quando me disseram que agora personagem é pode ser usado no masculino, meu deus! Não pode! Não é "O personagem" é "A personagem" sem variação de gênero.

Agora, falando sériamente... Como fica a educaçao? e a historia escrita, de fato, meus primos não sabem entemdem o que minha bisavó escreveu...

Vou ser adepta desta campanha!


p.s1: adorei a frase dos tremas!

p.s. 2: eu ainda não aprendi a lincar no corpo do texto, mas embre você verá um texto total lincando.

um beijo e um cheiro.
Claudia disse…
Não é ser ou não careta, reacionário. É ter noção da necessidade de nos reconhecermos e valorizarmos o melhor em nós mesmos, no individual e/ou no coletivo. E isso leva tempo. É um aprendizado.
Falando em aprendizado, quando fores postar o teu texto, repara, tem uns ícones, inclusive para você mudar a fonte (negrito, itálico...) e um com um elo de corrente. Selecione e clique para lincar com um endereço de web. É isso.
Unknown disse…
Oi, fofa, adorei seu texto - sabes que "aquele negócio" de poesia não "curto" muito e "contos" costumo levar muito ao "pé da letra", rs. Mas e por falar em letra e afins, não que eu saiba muito de Língua Portuguesa, mas admiro quem sabe e não agüento (rs) mais ler tanta asneira (principalmente na internet). Acho q essas constantes mudanças são, na verdade, não uma aceitação de que a língua vem se modificando e se adaptando a "modernidade", mas sim o reflexo do péssimo ensino que temos no Brasil, onde é mais fácil dar cotas para negros em universidades, do que melhorar o nível das escolas públicas logo, é mais "fácil facilitar" o português, do que ensinar o correto (considerando que nem as "antas" que nos governam o sabem ...). Ah, e estás vendo só, eu também até já aprendi a fazer comentário em Blog ... kkk. Beijinhos.

Tatiana Borges.
É... evoluções acontecem mesmo, mas a da língua portuguesa foi uma mudança, não uma evolução. E essa mudança nos deixará sem idéias e impedirá que alçemos vôos mais altos com nossa criatividade...
Anônimo disse…
Valeu, Claudia. Adorei. Como disse anteriormente, muito bonita a lembrança de seu pai.

Abração,
Paulo Mauricio disse…
O bom e velho português é o seu Antônio da quitanda, ou de outra birosca qualquer.
Como eu estudo é matemática (com muita preguiça aliás), não importa muito estas mudanças. Diga-se de passagem, os corretores ortográficos foram feitos para isso mesmo.
O que importa na escrita é a palavra que vem do coração, não do cérebro.
A escrita que vem do coração cria, a do cérebro repete.
Camões escreveu em português arcaico, Jorge Amado em baianês, Monteiro Lobato, Machado de Assis... Cada qual com o seu português, inclusive minha avó, que não sabia escrever, escreveu sua vida em belo português.
Eu tenho muita fé que esses rabiscadores de papel, o fizeram sem muita preocupação com a regra, e depois um "corretor ortográfico" de duas pernas lhes consertaram as infâmias lingüísticas.
Eu aprendi que a língua é sempre mutante, o uso a transforma como o gotejar de uma estalactite, passo a passo.
Se é preciso mudar algo forçado, acho que pode ser considerado um estupro lingüistico, mas que como alguns sábios políticos ensinam, se deve relaxar e aproveitar, que depois a gente se acostuma...
Gustavo Nogueira disse…
Fiz um textinho sobre o assunto no meu blog: www.atocriativo.org

Se quiser, da uma passadinha por lá ;)

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