"Quem não fechou a janela?"
Meu pai costumava dizer isso, toda vez que a chuva entrava pela janela da sala: era a única janela de toda a casa que exigia este cuidado, de ser fechada a cada chuva, por conta da direção dos ventos. Logo da sala, o ambiente principal da casa...
Ao questionar genericamente quem não haveria fechado a janela, ele foi me ensinando que a responsabilidade para o bem comum é de todos. Todos nós temos que fazer o que estivesse ao nosso alcance, sem necessitar de voz de comando ou função. Fazer porque tem que ser feito, sem pensar em reconhecimento de qualquer tipo. Isso não significava ausência de ação coercitiva, ao menos a bronca a todos.
O texto do Ilton Ribeiro, parceiro do GEAPPA (Grupo de Estudos de Arte Pública do Pará) que reproduzo abaixo, me fez lembrar meu pai.
Ao questionar genericamente quem não haveria fechado a janela, ele foi me ensinando que a responsabilidade para o bem comum é de todos. Todos nós temos que fazer o que estivesse ao nosso alcance, sem necessitar de voz de comando ou função. Fazer porque tem que ser feito, sem pensar em reconhecimento de qualquer tipo. Isso não significava ausência de ação coercitiva, ao menos a bronca a todos.
O texto do Ilton Ribeiro, parceiro do GEAPPA (Grupo de Estudos de Arte Pública do Pará) que reproduzo abaixo, me fez lembrar meu pai.
"O busto “Barão do Rio Branco”, de 1915, da artista paraense Julieta de França, encomendado por Theodoro Braga para homenagear o político que resolveu as disputas do Brasil e Uruguai pelos territórios de SetePovos das Missões e do Amapá, nos dias atuais é peça decorativa do jardim da Escola de Ensino Fundamental e Médio homônima ao título do busto, localizada na avenida Generalíssimo Deodoro, em Belém. A escola no mês passado completou seu centenário, por conta das festividades alusivas a tal data a direção da instituição pintou, com tinta à óleo dourada, o busto.
Belém vivencia sérios problemas na valorização de peças artísticas importantes para a composição narrativa de sua história da arte. Diante de tal situação, é sempre complicado encontrar um culpado, para que seja punido e deste modo trazer paz ao espírito dos pesquisadores e seguidores da área.
O culpado pode estar nos centros superiores de pesquisa que promovem o pensamento e reflexão sobre as implicações da arte na vida humana, no entanto, os resultados ficam guardados em segredo nos anais e revistas especializadas que a massa populacional não tem acesso.
A culpa pode estar também nos parcos interesses de uma política cultural em desenvolver uma sistematização da história da arte na região norte do país, que pudesse ser levada para todas as escolas de ensino fundamental e médio, pelo menos da Amazônia, no sentido de orientar diretores, pedagogos, professores e alunos na busca sobre a nossa arte na nossa história.
A culpa pode estar nas instituições (Federal, Estadual e Municipal) que lidam com o patrimônio material e imaterial, as quais apresentam dificuldades em estabelecer extensões das pesquisas em arte com a população de forma a oferecer pensamentos e posicionamentos mais críticos na sociedade.
Procurar um culpado agora não irá resolver muita coisa, o Barão já foi pintado, está reluzindo como ouro e corre o risco de ser roubado por algum ladrão atrapalhado por achar que realmente a escultura foi feita em metal precioso."
(Ilton Ribeiro - iltonribeiro@gmail.com)
Parece que é muito barulho por muito pouco. Mas de pingo em pingo entrando pela janela, muitos móveis foram manchados e muito estresse poderia ter sido evitado. Por que é tão difícil fazer o legal, o tecnicamente correto, o institucionalmente responsável?
Vamos fechar as janelas e impedir as ações que degradam a cidade de Belém?
Se cada um for um dia por ano à Câmara Municipal de Belém, ou a uma assembléia pública, ou fizer uma denúncia... ou divulgar e incentivar quem se propõe a isso, pensem: não vai ser muito!
Só uma ação por ano, quem não tem muito jeito para a coisa. Outros, com uma frequência maior, contribuindo e interferindo proativamente no processo. Que tal?
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