Mais que nunca, é preciso ser brasileiro

Muita coisa faz sentido quando olhamos a situação do país. Não há novidade, há representatividade de fato: e o Brasil possui um fosso ético que divide e causa uma dicotomia que é muito bem utilizada pelos políticos profissionais. O povo brasileiro, em sua grande maioria, ainda é feio, tosco, sofrido, mesmo que tenha ascendido socioeconomicamente e considere ser direito fundamental celular novo e rolé no shopping, por isso distante da imagem de um padrão agradável. Quando Ciro Gomes afirma que "no Brasil o povo detesta que o seu presidente seja como o povo é", faz parte da inaceitação de sua própria essência, que nega competências que venham, por exemplo, de Cuba ou da África, mas aceitam qualquer bosta, desde que seja europeia ou norte-americana. Não é a toa que o apoio em relação ao golpe que estamos sofrendo venha de países latino-americanos, especialmente.
Eu já ouvi, de pessoas maravilhosas (e que eu respeito muito) coisas do tipo "você agora é mestre (professora universitária, ou tem 50, ou qualquer outra titulação que me impute um status simbólico de pseudo superioridade) e não pode ser/fazer assim/isso". O que nos faz ser o que somos não é o que aparentamos, mas nossa essência e a consequência dos nossos atos e, quanto a isso, sinto-me confortável em todas as minhas conquistas.
Enquanto não entendermos - coletivamente - o que somos de verdade estaremos sempre sujeitos a falsos bom-mocismos, negando nossa força e capacidade de transformação, pessoal e coletiva.
O Brasil é um país deprimido, traumatizado e mal resolvido. Vive em crise, enganando sua patologia em samba, suor e cerveja (e na ilusão de grandeza), preso numa retórica esquizofrênica de paraíso na terra, alimentando a situação cômoda de maniqueísmo e sebastianismo sem fim, escravo da alegria que não possui.
Aceitemos nossa condição e imperfeição como o nosso melhor, pois, normalmente, os mais competentes em se mostrar perfeitos e heroicos são os que empurram tudo no abismo. O que precisamos é corrigir os erros, não delegar as soluções a imagens construídas, a fantoches, a salvadores-da-pátria! Tomar o poder, o protagonismo, os nossos caminhos, sem medo de errar, pois, querendo acertar, já se fez muita bobagem nesse mundo.

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