Como termina uma história

Há mais de um ano começou uma história, comum para quem tem filhos: minha filha começou com dores abdominais e foi ao médico. A partir daí, o que seria uma rotina de uma mãe cuidando de uma filha, se transformou numa luta inglória.
Não vou aqui descrever cada batalha desta guerra pela saúde da minha filha Catarina, nem poderia listar ou agradecer a cada um que, dentro de suas possibilidades, nos apoiaram material, profissional, emocional ou espiritualmente (e, porque não dizer, fisicamente). Mas preciso registrar uma coisa, muito importante.
Tudo terminou como começou: uma mãe fazendo o necessário e o possível. O impossível que pudemos fazer, contou com a ajuda de cada um que não vou listar. Entre o que a família fez e o que os demais fizeram há o infinito de gestos, orações, ações, palavras... Não há como descrever o infinito quando é construído de amor e solidariedade, mas tem como nomeá-lo: Deus. E a Ele, o único capaz de conduzir este universo de conjunções do bem, coube a definição desta história.
Tive a chance de estar ao lado da minha filha quase que integralmente durante este período. Para uma mãe que trabalha, estuda e que tem tantas atribuições todos os dias, só por isso já teria que agradecer. Com este convívio, aprendi a conhecer alguém muito especial, muito melhor que eu poderia imaginar que estivesse tão perto. Agradeci a Deus por poder rever cada equívoco, por cada "puxada de orelha" da Cacá, mas também por cada sorriso, por cada palavra de carinho que trocamos, por cada "eu te amo" que trocamos, por cada massagem no pé que fiz, pela minha mão segurando a dela nos pequenos e grandes medos. Meus medos foram fortalecidos em orações e no apoio dos amigos. Aprendi a gostar dos Jonas Brothers e da Hannah Montana e a rezar o terço.
Neste contexto, coisas bonitas aconteceram: ex-amigos se reeencontraram, ex-inimizades foram sublimadas, amigos se abraçaram, riram e choraram. Aprendi muita coisa e ajudamos muita gente. A Catarina possui este dom de harmonizar, de transformar o que seria crise em flores.
Esta história não terminou como eu queria, mas, certamente, da melhor forma que Deus quis.
Esta história não terminou, na verdade, pois a minha filha sempre estará comigo, no meu coração e de todos que a amaram.

Comentários

Que lindo Claudia, a Cacá tá lá em cima ao lado de Deus puxando a manga da roupa dele, apontando e dizendo:
- Tá vendo aquela mulher forte e batalhadora ali? Ela é minha mãe e eu a amo mais que tudo.

Ela vai estar sempre cuidando de você e se orgulhando de ter uma mãe tão batalhadora e forte.

Gostaria de estar ai e lhe abraçar, mas fica aqui só meu abraço virtual e minhas orações pelo descanso da Cacá.

Abraços
Amanda Maria - Recife - PE
Claudia, não tenho palavras para te ajudar.
Acompanhei tua luta, teus anseios, tuas esperanças, via twiter e mails, e esperei, também, que acontecesse o melhor.
Para mim, como mãe, queria um outro fim para essa história.
Como mãe, não estaria resignada. Estaria procurando um culpado, ou culpados...
Estaria indignada com a falta de serviços necessários ao ser humano.
Estaria escrevendo coisas bem ruins...
Sei que não acalmaria a minha dor, mas seria essa a minha reação.

Te admiro, portanto, mas ainda, por toda essa dignidade que transpira de ti.
Força, querida.

DR

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