Dia do Patrimônio Histórico: o que comemorar?

"Belém, Belém, Belém, será que tá tudo bem?
Belém, Belém, Belém, será que tá...
tudo bem, tudo bem?

A música na praça, o boi fazendo graça
é Ronaldo e seus meninos ensinando a nação
que o futuro tá no centro da cultura,
da cultura popular.

E taca carimbó de Pinduca, de Lucindo,
Cupijó, Verequete, Pavulagem dos meninos,
Eduardo, Taynara e Cavalero
vão tocar no Preamar, Preamar.

Belém, Belém, Belém, será que tá tudo bem?
Belém, Belém, Belém, será que tá...
tudo bem, tudo bem?

O couro treme a terra de Fabico, de Setenta,
Malhadinho do Bandeira, "seu" Rufino, "seu" Joaquim,
Laurentina muito linda quando canta
dá vontade de chorar.

O grande capitão nos "boca de ferro"
da Pedreira, Marambaia, Terra Firme, Sacramenta,
Marituba, Ananindeua, Icoaraci,
do Benguí pro Guamá.

Belém, Belém, Belém, será que tá tudo bem?
Belém, Belém, Belém, será que tá...
tudo bem, tudo bem?"

(A força que vem das ruas - Almirzinho Gabriel)

Belém encontra-se numa situação crítica. É quase irônico ser hoje dia do Patrimônio Histórico e aniversário do alcaide municipal! Mas, louvemos o que bem merece e deixemos o ruim de lado...

A data de hoje faz referência, não a uma obra ou legislação, mas a um homem: Rodrigo de Melo Franco. Isso reforça a tese de que não há preservação ou patrimônio cultural sem a ação humana. O patrimônio cultural, sua preservação ou perda, são consequencia e objeto da ação humana. Não há ideologia ou tese que se sustente sem o ressoar da sociedade.

O que comemoramos, então, se em Belém os que dão a cara, o sangue e o discurso pela defesa do patrimônio estão sempre à margem do processo de construção, são os 'meninos de surra' do discurso edificante de uma cidade dita melhor? Sem cair no romantismo de outras comemorações do dia, fico feliz pela grata coincidência de ter sido, no dia de hoje, dado entrada no pedido de registro do Pássaro Junino e do tombamento do Teatro São Cristóvão no IPHAN. E, a reincidente pergunta: por quê? Para que o Pássaro, digna e verdadeira representação da tradição junina do Pará, não mais se apresente em espaços precários, onde não se pode visualizar o que, de fato é, a expressão artística teatral mais autêntica do Brasil.
Nesta data queremos fazer registro e homenagem a um dos nossos maiores patrimônios humanos do Pará, o nosso Pássaro da Terra, João de Jesus Paes Loureiro, principal signatário do pedido e que, na certeza de resgatarmos a dignidade a esta manifestação cultural, é e sempre será a tábua de salvação de nossa cultura.




















Apresentação de pássaro junino, no palco do Teatro São Cristóvão

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