Padroeiro dos arquitetos

Uma pequena celeuma se estabeleceu quando eu disse que São Tomé é o padroeiro dos arquitetos. A atual coordenadora do curso no qual sou professora disse que não era e, como eu sempre acreditei nas bênçãos do meu protetor, fui buscar as fontes.
O argumento era que Frei Galvão, canonizado há dez anos, seria o padroeiro possui respaldo, devido à sua prática e formação de construtor, tendo suas obra de destaque o Mosteiro da Luz (aquele onde foram encontradas as freiras mumificadas) e a capela do Largo de São Francisco, ambas em São Paulo.
Num tempo em que construções de conventos de ordens religiosas e até de igrejas estavam proibidas em todo o império pelo Marquês de Pombal, Frei Galvão assumiu as consequências e fundou o novo Recolhimento, chamado Recolhimento Nossa Senhora da Luz. A identidade espiritual da nova fundação era baseada na Ordem da Imaculada Conceição.  Frei Galvão escreveu os estatutos, as regras e deu todo o amparo necessário para que o pequeno recolhimento se tornasse, de fato, uma congregação religiosa. Irmã Helena e mais duas jovens vocacionadas foram morar no recolhimento. O Recolhimento, porém, nada mais era do que um casebre afastado da cidade, no meio do mato. Este local é, hoje, o mesmo onde hoje está o Mosteiro da Luz, construído por Frei Galvão. Ali, por causa da construção, iniciou-se o Bairro da Luz na cidade de São Paulo.
Embora considerado padroeiro dos engenheiros, arquitetos e construtores, São Frei Antônio de Santana Galvão não possui, entre seus principais milagres, nenhuma relação com a Arquitetura em si (talvez devêssemos considerar padroeiro do CREA), mas o título de Padroeiro da Construção Civil foi concedido em 2000 pelo Papa João Paulo II.

O oráculo do google nos aponta Santa Bárbara, mas não encontro qualquer informação ligada à Igreja Católica que associe-a aos arquitetos. além do fato dela ter mandado construir uma janela a mais na torre em que seu pai a trancara e, pela terceira janela, ter morrido. É tida como padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de quem trabalha com fogo e possui, como atributo, uma torre e, talvez seja essa a referência à arquitetura.

São Tomé, conhecido popularmente como apóstolo incrédulo de Jesus Cristo, é o padroeiro dos cegos (da fé), dos juízes,  geógrafos, geólogos, geometristas, construtores (pedreiros), assim como dos arquitetos e daqueles que possuem dúvidas. Seus atributos são o cinto recebido na ascensão da Virgem Maria, o esquadro do arquiteto e a lança de seu martírio. Alguns ainda associam-no à São Judas Tadeu, também apóstolo, que possui como atributo a régua e uma machadinha (que teria sido o seu objeto de martírio). O esquadro representa a retidão e precisão de seu apostolado, mas também faz referência à construção da Igreja de Cristo (da fé no cristianismo) no Oriente, isso é, na Índia, por inspiração do próprio Cristo. No nordeste da Índia lhe é atribuída a construção do palácio do rei Gudnaper, que havia posto todo seu tesouro à disposição do construtor, cujo fora distribuído aos pobres. O arquiteto contratado, São Tomé, afirma que edificara o palácio no Céu - o que levou-o à prisão quando o rei voltou de uma longa viagem -, até que o irmão do soberano, Gad, já falecido, ressuscita e, descrevendo o Paraíso, disse ter visto o belo palácio que fora construído com a caridade do seu arquiteto.
Também é atribuído ao apóstolo Tomé a edificação do primeiro templo cristão, sobre edificação pagã, em Meliapor, onde ocorreram alguns milagres. O primeiro deles teria sido o próprio apóstolo que, trazendo com toda facilidade uma imensa viga (que necessitaria de muitos homens e elefantes para transportar) a instala na entrada do templo, afirmando que ali chegariam homens com a fé cristã pela água e jamais essas águas ali entrariam. Sendo assim, tornou-se território português entre os séculos XVI e XVII, reafirmando a profecia. Em dezembro de 2004 um tsunami devastou a região e a água não entrou na igreja onde estão os restos mortais do santo, sendo entendido como novo milagre.

Inspirada naquele que questiona, mas que busca a retidão, fiz essa postagem.

Diante das opções, reafirmo o que já escrevi antes, que "na dúvida, minha opção é sempre aquilo que transcende a matéria das coisas", portanto, se você quiser escolha a opção de padroeiro que mais lhe agradar!
Continuarei com o meu São Tomé.

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