Sobre a queda do forro do Teatro da Paz

Muita gente tem me perguntado sobre o ocorrido no Teatro da Paz: a queda do forro do adro. Tenho minha opinião objetiva que, como técnica da SECULT, prefiro discutir com meus pares para, com maior amadurecimento, poder constituir documento técnico que possa dar solução ao problema. O Teatro da Paz, a despeito de ser um próprio do Estado, é protegido também pela ação do IPHAN e DEPH/FUMBEL, além de outros órgãos que respondem sobre a gestão do espaço da Praça da República e da cidade como um todo.
Mas existem questões que transcendem a discussão técnica e devem ser abertas para a população em geral.
Todo bem imóvel necessita de conservação. A atual direção do Teatro da Paz, posso afirmar, é insistente nisso. Mas eu também tenho um barraquinho em Mosqueiro e sei como é difícil cuidar de uma casinha, o que dizer uma casa como o Da Paz! Esta semana, antes do Carnaval, eu estive no Teatro fazendo vistoria. Algumas questões de conservação, a despeito do cuidado que se tem tido, tem se tornado reincidentes.
Disse para Dione e Leonardo: "o que não estraga em cem anos, não estraga em oito anos"! Esta é minha opinião pessoal. Algumas questões referentes à estruturas em madeira do Teatro são tão delicadas que não consigo imaginar que seja coincidência. Cupim come madeira: fato. Mas se a madeira tem boa qualidade, o cupim não come com esse gosto...

Outro ponto: as estruturas rígidas são sensíveis à trepidações. Forros em estuque e gesso são fragilizados, pois possuem estrutura em madeira (maleável). Não é difícil imaginar que há um trabalho físico diferenciado dos materiais, fragilizando o conjunto...

Cupim: sim, a Amazônia é a Disneylândia (ou melhor, a Praça de Alimentação) dos xilófagos! A quantidade de espécies e de alimento é fato já comprovado. Mas como já disse: se a madeira for boa, cupim não come.

Uma questão conceitual levantada: o trecho de onde caiu o forro não é original. Essa discussão sobre originalidade, uma coisa genética das obras de cunho histórico e artístico são objeto de muita polêmica. Nada surge em um dia, como uma nave estraterrestre que desça no meio de uma praça. Até onde eu saiba, se não é original, faz parte e compoe o bem tombado e, por isso só, merece o mesmo cuidado e tratamento. E terá, tenho certeza.

Mas o mais grave é ver que a população que causa barulho com o ocorrido é o mesmo que causa a trepidação do entorno. Quem não se lembra da festa do programa É doPará, que ocorreu há algumas semanas causou arrepios em todos os que têm bom senso! Em frente ao Teatro da Paz, um trio elétrico, milhares de pessoas, inclusive se pendurando nos portões do Teatro! Cupim foi detectado, tá certo, mas o Teatro tem contrato com empresa de descupinização...
Sempre digo: edifício antigo é como velhinha com osteoporose! Não aguenta determinadas coisas...
E não há investimento público que consiga coibir a população urinando, riscando, trepando, roubando, agredindo os bens culturais, ainda mais quando há investimento privado (como um evento de massa e "arrasta povão") que vem em sentido contrário.
Pensando bem, há investimento público eficiente e possível sim: em educação de qualidade!

Comentários

Postagens mais visitadas