A bola da vez

Com o que vem acontecendo em São Paulo e outras capitais, Belém, que perdeu a possibilidade de sediar a Copa, parece também estar perdendo o senso de oportunidade. Um grupo foi criado no Facebook para convocar "para dar início a um movimento da sociedade civil em Belém", mas esqueceram de avisar que os movimentos já existem!

"Pesemos o que querem estar fazendo.
Fazer um manifesto na rua, aparecer na mídia, seja por que motivo for, justo ou não, deve ser antecedido por consistência de propósitos.
Quantos aqui estão acompanhando as discussões do projeto do BRT, desde que a CMB concedeu empréstimo (um verdadeiro cheque em branco, como bem disse na época o então vereador Carlos Augusto Barbosa) para uma obra que sequer havia projeto, que ia na contra-mão do projeto de mobilidade metropolitano, inviabilizando-o?
Quantos estiveram nas assembleias públicas na OAB, ALEPA? Quantos foram à CMB gritar, se unindo aos poucos que fizeram esse papel, batizados de "galera da kombi" pelo também ex-vereador Gervásio Morgado? Quantos tem realmente acompanhado os problemas da cidade, se manifestado no momento certo, cobrado e expressado suas insatisfações como cidadãos?
Fiz isso e algumas coisas, mas confesso, nem eu mesma me sinto capaz de dizer que fiz o meu papel de cidadã como deveria, e admito minha culpa.
Belo Monte? Causa justa. Mas pichar o monumento ao Frei Caetano Brandão mudou o quê na causa?
Por isso, antes de pensarmos em uma manifestação pública, nos manifestemos nos lugares certos, tomemos nosso lugar como cidadãos, cobremos dos políticos (que tem o poder de mudar as coisas), nas instâncias certas, fortalecendo movimentos sociais que já existem em defesa da cidade de Belém. Movimento social vazio de propósito esvazia e enfraquece a cidadania.
Contem comigo para as guerras justas e para discussões consistentes.
O BRT é um fato na cidade, precisamos saber qual a proposta do novo prefeito, discuti-la para que não se torne mais uma obra vã. Discutir as ciclovias, as paradas e o sistema de integração intermodal, com a necessária rede hidroviária para que desafogue os caminhos terrestres e façamos valer que "esse rio é minha rua" e ligar os bairros e lugares à beira dos nossos rios. Pensar que podemos ir do Centro a Icoaraci, Caratateua (Outeiro), Maguari, Guamá, Bujaru, e tantos outros lugares pelos caminhos fluviais! Economizar em obra, transtorno e dinheiro, trabalhando com inteligência. E isso é só UMA proposta.

Antes de fazer barulho, vamos fazer uma reflexão. Temos muitos problemas pra resolver, mas não vamos resolver todos em uma ação impensada.

Antecipo: eu não vou domingo. Pra isso, não contem comigo."

Não invejemos a barbárie, porque aqui ela é real e diária, não é evento!