Conferências Setoriais de Cultura - um balanço preliminar

Acabei de chegar de Brasília. Muito cansada, mas satisfeita, especialmente por perceber que não somos os párias que muitos pensam. A representação do Pará da sociedade civil, ao menos nas setoriais de Patrimônio Material e Arquitetura fizeram bonito. Em Patrimônio Material, por exemplo, conseguimos encaminhar para a Conferência Nacional praticamente todas as discussões da Conferência Estadual.
Estávamos praticamente sozinhos, pois os representantes do poder público não se fizeram presentes.
Conseguimos garantir assento na Conferência Nacional em vários setores. Não posso garantir se em todos, pois os trabalhos foram intensos e raramente nos encontrávamos, mas o Pará foi o articulador na região norte, buscando compor as representações, gerando discussões regionais e diálogos interregionais também em Música, Patrimônio Imaterial e Artes Visuais, pelas notícias que me chegaram.
Foi muito produtiva a discussão e o encontro de representantes de todo país em torno das questões da cultura nesses últimos dias. Claro que algumas pessoas não tinham interesse na discussão e estavam mais interessadas nas candidaturas a delegado nacional e à lista tríplice para o Conselho Nacional de Cultura. Mas assim é a vida: onde surge espaço para lutas de poder, elas se estabelecem. Na setorial de Patrimônio Material, a qual fiz parte, buscamos o consenso (nem sempre alcançado) neste ponto.
Houve um certo "ciúme" do Pará por, segundo dados divulgados do MinC, dos míseros 0,45% de recursos de renúncia fiscal na região Norte, nós conseguirmos ficar com 0,30! É briga de passarinho para medir quem tem bico maior para dividir migalha! Me entristeceu notar que a região Sudeste abocanha algo em torno de 80%, mas que o Espírito Santo, por exemplo, tem uma percentagem ainda menor que a do Pará. O que prova que o desequilíbrio é mais que regional, é pontual. Este quadro de coisas pode ser apresentado. O problema que algumas discussões de propostas ainda foram tratadas com o fatalismo cômodo do "isso não dá certo" de acordo com a visão de quem quer fazer perdurar a situação atual...
Mas vamos seguindo! Não me lancei candidata pelo consenso, embora tenha ficado muito feliz com alguns elogios e desejos que eu estivesse nessa luta. No momento eu estou mais para o Cesto que para a Lança, como diria Vicente Franz Cecim, mas viva, podem ter certeza!

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