Imperator

Estou atualmente trabalhando no Museu da Imagem e do Som do Pará. Quase diariamente tenho lidado com a história do cinema, somando-se o centenário do Cinema Olympia, a mais antiga sala de projeções do Brasil, aqui de Belém. Auxiliei a montagem da exposição Cinema no Pará: História e Memória, na Galeria Theodoro Braga. Tudo isso tem me feito lembrar de minhas referências e experiências cinematográficas. Assistir ET sentada no chão com o papai, no Pathé, o macio carpete do cinema Paratodos, a ida apoiada no amigo Marcos Kenedy ao Art Méier para assistir Indiana Jones depois de uma cirurgia no pé e, claro, minha primeira aventura de cinema-solo ao assistir Bete Balanço no Imperator. Minhas memórias são do Rio de Janeiro, e compartilho com outras pessoas a vivência nesses espaços. Estas memórias são quase fantasiosas se comparadas com a realidade de Belém, que possui outras construções simbólicas, como a roleta do cinema Ópera, na exposição que citei, quase um fetiche, e que será doada ao MIS-PA ao final da exposição.
Quando cheguei em Belém as sessões de cinema estavam sendo substituídas por outras míticas. Chegaram os VHS e DVD, o tempo e os filhos: eu, que nunca fui cinéfila me adaptei facilmente ao conforto do controle remoto na mão. Mas os espaços, as vivências e a experiência do cinema são únicos e transcendem fronteiras. Acho que nunca o cinema esteve tão em alta como nos últimos tempos: filas para superproduções e exibições 3D, festivais de minuto e a possibilidade de, com uma ideia na cabeça e um celular na mão sermos documentaristas, videoartistas ou celebridades instantâneas. É, os tempos mudaram, mas a essência é a mesma.
Hoje recebi do meu irmão Fernando um link dizendo que o Imperator (que depois de cinema se transformou em casa de espetáculos e loja comercial) vai se transformar no Centro Cultural João Nogueira, com vários usos e três salas de cinema. Espero que ao menos mantenham a memória e o nome dos cinemas do Méier nas salas de projeção.

Comentários

Paulo Mauricio disse…
Espero tambem que tenha um fim digno das suas origens; se não me engano numa das últimas vezes que estive lá no Meier a galeria era um camelódromo. Uma vergonha pra um lugar como este. Anos antes o cinema tinha se transformado em casa de espetáculos, onde fui com a mamãe ver uma coisa abominavel...
nada menos que Wando rsrsr. Mas foi legal ver que alguma coisa a prefeitura fez de positivo neste sentido. Achei o máximo "Mad Max" passando ...
Daniel Cassus disse…
Obrigado pelo link. Sim, nascido e criado em casa no Méier até mês que vem. Me mudo pra "apertamento" na Tijuca,m justo agora que o Imperator vai reabrir. :/

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