SOS Belém

Quem acompanha minhas postagens tem percebido que os últimos anos tem sido cruéis para a gestão pública, especialmente Cultura e Cidade. Consequentemente a interface desses dois - a preservação do patrimônio cultural - tem sofrido vários golpes.

Se elencarmos (e certamente vamos esquecer de algumas questões), temos:
1. Teatro São Cristóvão e Associação dos Chauffeurs
2. Abandono conivente dos chalés do Mosqueiro
3. Lavagem com ácido muriático do monumento ao General Gurjão
4. Ameaça de destruição do Memorial à Cabanagem, única obra de Oscar Niemeyer em toda região Norte e Nordeste do Brasil
5. Demolição de chalé urbano no centro de Belém por seu proprietário (um vereador, que não há de se re-eleger) que, depois foi alugado para instalação de órgão da Prefeitura
6. Roubos e vandalismos sistemáticos de azulejos (exemplo da Casa do Ferro de Engomar) e esculturas dos espaços públicos da cidade (como "Ana Reta" e o conjunto escultórico a Lauro Sodré, única obra do escultor Bruno Giorgi em toda região Norte e Nordeste do Brasil)
7. Morosidade na recuperação da própria sede municipal, cujo estuque caiu devido a vários fatores
8. Permissividade ao projeto da Companhia Docas do Pará para a instalação de um Terminal de Conteiners na borda do entorno do Centro Histórico, com planos de remodelação urbana e funcional do próprio entorno
9. Conivência com o uso irregular do espaço público, tais como shows de grande impacto sonoro, de trânsito e outros
10. Escolha de um Conselho Municipal de Patrimônio viciado e composto por pessoas com íntimos interesses na decomposição da política de preservação
11. Ausência de concurso para as instâncias municipais, inchando os órgãos de contratados e gestores inexperientes
12. Mudanças de nomes de rua para satisfação de empresários, como a antiga 25 de setembro para Rômulo Maiorana e Apinagés para Jerônimo Rodrigues (esta última a vontade popular venceu e, num embate insano, conseguiu reverter ao nome original)
13. Incapacidade da prefeitura em chegar a termo em seus contratos e projetos anteriores, como a demora na conclusão da obra do Palacete Pinho, efetivo uso do Memorial dos Povos e Palacete Bolonha (carente de manutenção) e das obras do Cemitério da Soledade, apenas para elencarmos alguns
14. Licitações irregulares, obras irregulares, desrespeito com a construção técnica, dezenas de ações judiciais
15. Denominar uma passarela de acesso a um shopping de "novo ponto turístico" e "monumento" de Belém
16. Falta de regulamentação do Plano Diretor, especialmente as leis complementares que tratam de instrumentos previstos no Estatuto das Cidades, para que Belém não se torne no que tem sido, um balcão de trocas de favores que tem, como moeda de troca, o espaço urbano.

Agora, como se não bastasse, projeto de lei do vereador Raimundo Castro (vice do candidato Anivaldo Vale que, por sua vez é o vice do atual prefeito) quer alterar o gabarito do entorno do Centro Histórico de Belém de 19 para 40 metros. Não há nenhuma lógica política nisso, é mera negociação... Até porque o grande articulador dessas mudanças de gabarito, há muitos anos, se chama Gervásio Morgado (veja itens 5 e 10) e fez com que o Raimundo Castro assumisse a autoria do "projeto" que não tem qualquer consistência técnica como podemos ler no parecer.
Nossa defesa é técnica, é de honestidade e justiça, não político-partidária. Como as personagens são públicas e as ações políticas, temos que dar o nome. Infelizmente a Câmara Municipal de Belém tem esse perfil atualmente e, por isso, não se trata de combate pessoal, mas a toda uma lógica de (di)gestão da cidade. E pra isso contamos com o apoio de vereadores e cidadãos que tem lutado pelo bom senso e na difusão de informação do que está acontecendo (a "grande" imprensa não tem dado atenção ao que tem acontecido na proporção do impacto que essas coisas terão se, lamentavelmente, não forem revertidas). Amanhã o "Projeto do Castro" entra novamente em votação e precisamos fazer pressão na Câmara Municipal de Belém para que não seja aprovado. Todos temos que estar envolvidos, pois, afinal, impactará a cidade de Belém, criando uma barreira ao regime de ventilação, sobrecarga nos serviços de abastecimento e no trânsito já caótico dessa que tinha TUDO para ser uma cidade modelo para o Brasil em qualidade de vida.
Convidamos a todos os que amam Belém que estejam na Câmara Municipal de Belém para fazermos história: barrar esta tentativa grosseira de venderem a cidade como na virada do Ver-o-Peso. Veja o convite. Quem não puder estar, divulgue, convide alguém pra ir em seu lugar.

Comentários

Vamos todos lá! Quem ama Belém não pode nem deve se omitir!
É, mana, acho que quem ama, mesmo, Belém, são aqueles q vem de fora e a descobrem, desde seu âmago, e a aceitam e a defendem, como tu, a Cristina, o José Ramos, o Pere Petit, o Jaime Cuellar, a Iris...e outros que a adotaram, incondicionalmente.

Obrigada pela escolha.
Dulce Rosa
Claudia disse…
Acho que o povo de Belém precisa aprender a ver Belém.

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