"...como se não houvesse amanhã..."
Só quem vivencia a cidade, não só passando de carro pelas ruas, com um objetivo e um horário a alcançar, mas se relacionando com pessoas, sabe que é muito mais que isso.
Não sou tão velha e já estive em museu (trabalhei vários anos). Também tenho lembrança de uma vida suburbana, de sentar na calçada, brincar com os vizinhos, reconhecer quando algo está estranho na vida do vizinho, sem necessariamente estar preocupada com a vida alheia.
Mais mavilhosa é a minha lembrança de, andando por algumas cidades históricas mineiras, observando seus casarões, ouvir vozes doces convidando para tomar um cafezinho ou um copo d'água.
"O olhar que assusta
Anda morto
O olhar que avisa
Anda aceso.
Mas quando eu chego
Eu me perco
Nas tramas do teu segredo
Ê Minas, ê Minas..."
Sou uma pessoa abençoada: talvez a neurose da violência não permita mais, nem às mentes senis, esse tipo de atitude. Mas, mesmo assim, por ofício, pude entrar em várias histórias em Belém, fazendo vistoria para concessão de desconto de IPTU. Por isso amo "O Edifício", de Will Eisner, e suas fantasmagonias. Quem mantém as pedras em pé é a alma nas coisas (ouça "A Paixão de V segundo ele próprio, de Vitor Ramil"). Foi assim que conheci pessoas como o Dr. Mario Ruben de Mello Martins, a Sra. Dinorah Xerfan, entre tantas outras, que davam vida, e sentido à Carta de Veneza, eram a própria história que é testemunho do bem imaterial.
No blog Empurra com Água, a Karla escreveu um belo texto que ilustra e me inspira. É isso que acontece, todos os dias: nós esquecemos de fazer o que amanhã não poderemos fazer mais. São várias pequenas atitudes: andar pela cidade, pequenas gentilezas, sentir o sol, o vento ou a chuva, dizer o que precisa e, principalmente, viver cada experiência com paixão e plenitude, mesmo que seja tomar um café-com-leite no velho botequim ouvindo a conversa dos idosos, que tanto têm pra contar. O presente é mais rico se vivido conjugado na dimensão do passado e do futuro.
Não, quem gosta de coisa velha não é museu! Patrimônio histórico não é casa velha! É vida e alma.
Não sou tão velha e já estive em museu (trabalhei vários anos). Também tenho lembrança de uma vida suburbana, de sentar na calçada, brincar com os vizinhos, reconhecer quando algo está estranho na vida do vizinho, sem necessariamente estar preocupada com a vida alheia.
Mais mavilhosa é a minha lembrança de, andando por algumas cidades históricas mineiras, observando seus casarões, ouvir vozes doces convidando para tomar um cafezinho ou um copo d'água.
"O olhar que assusta
Anda morto
O olhar que avisa
Anda aceso.
Mas quando eu chego
Eu me perco
Nas tramas do teu segredo
Ê Minas, ê Minas..."
Sou uma pessoa abençoada: talvez a neurose da violência não permita mais, nem às mentes senis, esse tipo de atitude. Mas, mesmo assim, por ofício, pude entrar em várias histórias em Belém, fazendo vistoria para concessão de desconto de IPTU. Por isso amo "O Edifício", de Will Eisner, e suas fantasmagonias. Quem mantém as pedras em pé é a alma nas coisas (ouça "A Paixão de V segundo ele próprio, de Vitor Ramil"). Foi assim que conheci pessoas como o Dr. Mario Ruben de Mello Martins, a Sra. Dinorah Xerfan, entre tantas outras, que davam vida, e sentido à Carta de Veneza, eram a própria história que é testemunho do bem imaterial.
No blog Empurra com Água, a Karla escreveu um belo texto que ilustra e me inspira. É isso que acontece, todos os dias: nós esquecemos de fazer o que amanhã não poderemos fazer mais. São várias pequenas atitudes: andar pela cidade, pequenas gentilezas, sentir o sol, o vento ou a chuva, dizer o que precisa e, principalmente, viver cada experiência com paixão e plenitude, mesmo que seja tomar um café-com-leite no velho botequim ouvindo a conversa dos idosos, que tanto têm pra contar. O presente é mais rico se vivido conjugado na dimensão do passado e do futuro.
Não, quem gosta de coisa velha não é museu! Patrimônio histórico não é casa velha! É vida e alma.
Comentários
eu também me senti pensante depois de lar o que ela disse. Eu tenho uma paixão doentia palo que chamam de passado. Mas como digo pra mamãe, não que eu esteja encalhada na historia, eu apenas tô tentando conhecer melhor o futuro que já acontece. Afinal.. o que seriamos se o antes não existisse?
beeijos ^^
Eu adooro esse jeito que tu tens de pensar as coisas.
www.teencontrodepoisdachuva.wordpress.com
Ah, e é Karla, não Kátia hehe
Beijos, belo texto.
Obrigada, às duas, pelos comentários. É no diálogo que engrandecem as idéias.