Ainda a burka social

Heloisa Belini e Flávio Nassar, da UFPA, já indicaram apoio à questão levantada. Isto é bom, pois a arquiteta Roseane Norat foi como representante da sociedade civil em nome da Universidade Federal do Pará para a Pré Conferência Setorial de Cultura - segmento Arquitetura.

Agora, por outros caminhos, os apoios à Rose vêm do ICOMOS. Não temos a posição da Rosina Coeli Alice Parchen, presidente do ICOMOS-Brasil, apenas a resposta da Rose

"Olá Rosina e demais colegas do ICOMOS

Estou feliz por termos representação no CNPC na área de patrimônio material e aproveito a oportunidade para informar a todos que também eu acabei sendo indicada para a lista tríplice do segmento arquitetura, sendo após definida pelo ministro como suplente.Obviamente, uma lista tríplice indica que qualquer um dos 3 indicados pelo grupo poderia ser o escolhido e ao entrarmos no processo, sabíamos disso.Por essa razão e em respeito aos meus princípios e aos demais colegas participantes, assumi tranquilamente a responsabilidade também como suplente na cadeira de arquitetura.Contudo, nos últimos dias para minha surpresa uma teia de relações vem sendo travada, a partir da manifestação da Arquiteta Bárbara Prado (MA),que fomentou uma série de diálogos sobre a questão da representação feminina na arquitetura, em especial a partir da publicidade do texto deuma conferência de Bárbara denominado "burka social". Na oportunidade, observa-se que ainda que eu tenha sido eleita pelos nossos pares com 5 votos, contra 1, do arquiteto titular indicado, não consegui ascender ao cargo, ficando como suplente.A parir deste fato, Bárbara surge e descobre, com firmeza, o véu que cobre a questão do gênero na arquitetura. Desde então, até eu mesma quea princípio não tinha atentado para esta questão, passei a fazer uma série de reflexões, que se somaram a outros que vem se manifestando, em uma ciranda de diálogos que tem sido, a meu ver, enriquecedora. Nada de discordar, por discordar. Apenas de repensar fatos aparentemente corriqueiros, que muitas vezes estão encobertos na nossa própria "ordem social".Bárbara, incomoda, porque chama a atenção que alguma coisa está fora da"ordem social". Posteriormente, outra arquiteta (uma carioca residente em Belém) levanta ainda a questão regional, no caso sobre arepresentatividade feminina e nortista (ver o blog Marcos do tempo, da arquiteta Cláudia Nascimento).Diante desses últimos acontecimentos, estou repassando para seu conhecimento e dos demais colegas do ICOMOS algumas das últimas postagens travadas, nessa que começou despretenciosamente como uma troca de idéiase que tem tomado um rumo interessante, pois no mínimo, nos faz repensarnosso papel como profissionais da arquitetura e do urbanismo e como cidadãs que contribuem diretamente na construção desse país.Afinal, lembremos quantas de nós, de norte a sul - leste a oeste, estamos cotidianamente engajadas na construção e no pensar de nossas cidades e na formação de um importante contingente feminino que enriquece a produção arquitetônica e urbanística brasileira, quase sempre "à sombra benevolente" de nossos pares.Cordiais saudações

Roseane Norat
Membro ICOMOS Brasil - Região Norte"

E da Federação Nacional de Arquitetos!

"Pessoal dessa lista

Antes de mais nada vou me apresentar. Sou Ângelo Arruda, arquiteto e urbanista e professor da UFMS, sou pernambucano, moro no Mato Grosso do Sul há 30 anos, sou amante da cultura brasileira. Já presidi e instalei o Forum Estadual de Cultura de MS e atualmente sou Presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas-FNA. Bárbara mandou para mim o seu email/carta/palestra, certamente por conta de nossa amizade recente e ideologicamente convergente. Assim sendo, como faço parte da lista vou opinar e espero aquecer o debate provocador.
BARBARA voce tem toda razão quanto a Burka Social. Tenho um amigo professor que anos atrás, ele para colocar em discussão o machismo na arquitetura perguntava às alunas (mais 70% atualmente) de arquitetura porque elas queriam fazer arquitetura e sacanamente perguntava, quantas arquitetas famosas, além de Lina Bo bardi, elas conheciam. Ficava um silêncio danado na sala começava a discussão do papel da mulher na arquitetura. Assim Barbara além de parabenizar você quero te dizer que precisamos encontrar saídas para a sua aflição e denúncia.
Conte comigo e com a FNA.
Quanto a FNA quero dizer que em 30 anos tivemos duas mulheres presidindo a entidade, uma a Elenora no segundo mandato e a Valeska Peres de SP, duas vezes presidente. Na minha Diretoria Colegiada, metade é de homens e a outra metade é de mulheres.
Quanto a Conferencia de Cultura e as coisas da arquitetura, quero dizer a todos que tirando de lado a questão da colega Rose Norat que ainda não conheço, digo que sofri bastante para que nós entrassemos no processo mas atropelado como foi, ficou dificil.
A FNA batalhou com o Mincultura através de Peixe, para que tivessemos espaço ocorre que a convocação foi nas ferias em janeiro, para instalar em fevereiro e mesmo assim conseguimos, aqui e ali termos uma representação. Agora a bagunça do evento foi de matar. Eu mesmo fui eleito por MS como delegado mas a minha passagem não veio e fiquei chupando o dedo sem poder ir para Brasilia. O que houve por lá soube pela Barbara por que pedi a ela um relato e atraves do Anelli que foi convidado para debater alguma coisa por lá.
Só quero observar o seguinte. Quando voces falam de sindicato estão falando de qual estado, do Pará? Se sim, voces avisaram o Nonato do que ocorreu? Se não avisaram não da para cobrar sem que o cara saiba do que ta acontecendo.
Por fim, o debate tá aberto. A FNA está para ajudar no debate.

Abraços

Arquiteto e Urbanista
Ângelo Marcos Vieira de Arruda
Professor da UFMS e Presidente da FNA
Rua Sebastião Lima, 431 Campo Grande -MS
79004-600
Tel. 67 8126.9928
angelomv@uol.com.br e fna@fna.org.br"

"Caro Angelo

Para início de conversa, devo salientar que você é o primeiro representante do sexo masculino a se manifestar, rompendo um silêncio e a relação de espectadores que aparentemente nossos demais colegas estão mantendo. E olha que essa lista é grande e mista.
De fato, aqui no Pará, essa questão ao que parece nem foi repassada ao sindicato ou aos demais segmentos representantes da categoria, até porque o rumo que está tomando tem sido espontâneo, iniciado com a corajosa manifestação e inconformismo da Bárbara.
Certamente, sem seus questionamentos que foram propulsores, como uma fagulha no campo seco, estaríamos naquele obsequioso silêncio da comodidade. Mais uma vez, benevolente com a "burka" que cobre o reconhecimento da presença feminina na produção arquitetônica brasileira. Ou mais fundo ainda, com a linha (in)vísivel que demarca o país "desenvolvido", daquele distante, na "densa e quase inabitada floresta amazônica".
Portanto, salve Ângelo e sua entrada na "roda de conversa"

Roseane Norat"

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