Diário Contemporâneo - minha posição
Caro Wagner
Concordo plenamente contigo.
Não é de e hoje que a fotografia paraense tem sido referencial na história contemporânea da fotografia brasileira. Sou carioca, você sabe, e não é pelo fato de morar aqui e estar cercada de paraenses que vou me furtar a dar a minha opinião objetiva sobre o caso. Não vou ficar em cima do muro.
Antes do reducionismo da questão do edital - que merece ser revisto para que possa garantir a participação democrática e não cerceadora - é necessário entender que a realidade paraense é absurdamente diferente da realidade carioca. Aqui, o universo de profissionais é restrito e os espaços são assumidos sempre pelos mesmos grupos, não por clientelismo, mas por falta de condições de ampliação de perspectivas e incentivo, como não ocorre no Rio de Janeiro. A realidade amazônica É diferente, e isto não é um clichê.
Se houve uma seleção criteriosa e justa, porque criticar o fato de ter sido um paraense o grande premiado? Não seria isso uma visão preconceituosa sobre a produção local? Não seria, talvez como você bem destacou, um desconhecimento da produção da fotografia local, que tanto contribuiu para a cultura nacional?
Todo mundo estranha o fato de alguém se destacar, sendo amazônida. Talvez porque, não poucas vezes, o homem amazônida tenha que se travestir de carioca ou paulista para ser aceito. Em várias linguagens artísticas e campos do conhecimento o amazônida se destaca, se infiltra, como um vírus que os xenófobos insistem em não perceber.
Uma vez, um desses vírus, Lídia Souza, disse a um amigo ex-carioca-que-se-travestiu-de-paulistano-para-se-sentir-aceito: "o caboclo da beira do rio tem dificuldades, mas também tem sonhos, tantos e iguais a todos em qualquer lugar".
Salve os Benés Fonteles, Nunes, Mello e todos de alma bragantina. O Emmanuel Nassar, Franco, Matos... Salve Oswald Goeldi, filho do nosso principal museu e instituto de pesquisa. A Paula e os Paulos, caríssimos e talentosíssimos fotógrafos, como você e tantos outros.
Claudia Nascimento
Concordo plenamente contigo.
Não é de e hoje que a fotografia paraense tem sido referencial na história contemporânea da fotografia brasileira. Sou carioca, você sabe, e não é pelo fato de morar aqui e estar cercada de paraenses que vou me furtar a dar a minha opinião objetiva sobre o caso. Não vou ficar em cima do muro.
Antes do reducionismo da questão do edital - que merece ser revisto para que possa garantir a participação democrática e não cerceadora - é necessário entender que a realidade paraense é absurdamente diferente da realidade carioca. Aqui, o universo de profissionais é restrito e os espaços são assumidos sempre pelos mesmos grupos, não por clientelismo, mas por falta de condições de ampliação de perspectivas e incentivo, como não ocorre no Rio de Janeiro. A realidade amazônica É diferente, e isto não é um clichê.
Se houve uma seleção criteriosa e justa, porque criticar o fato de ter sido um paraense o grande premiado? Não seria isso uma visão preconceituosa sobre a produção local? Não seria, talvez como você bem destacou, um desconhecimento da produção da fotografia local, que tanto contribuiu para a cultura nacional?
Todo mundo estranha o fato de alguém se destacar, sendo amazônida. Talvez porque, não poucas vezes, o homem amazônida tenha que se travestir de carioca ou paulista para ser aceito. Em várias linguagens artísticas e campos do conhecimento o amazônida se destaca, se infiltra, como um vírus que os xenófobos insistem em não perceber.
Uma vez, um desses vírus, Lídia Souza, disse a um amigo ex-carioca-que-se-travestiu-de-paulistano-para-se-sentir-aceito: "o caboclo da beira do rio tem dificuldades, mas também tem sonhos, tantos e iguais a todos em qualquer lugar".
Salve os Benés Fonteles, Nunes, Mello e todos de alma bragantina. O Emmanuel Nassar, Franco, Matos... Salve Oswald Goeldi, filho do nosso principal museu e instituto de pesquisa. A Paula e os Paulos, caríssimos e talentosíssimos fotógrafos, como você e tantos outros.
Claudia Nascimento
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