Entre burkas, nos encontramos...

Sobre a manifestação da Bárbara, escrevi:

"Ok, reconheçamos que houve uma exclusão de gênero. Reconheçamos que houve preconceito em relação à escolha do representante, por ser a Rose uma arquiteta de Belém/PA (melhor dizendo, abaetetubense!). Imaginemos até que a cena de escolha de uma lista tríplice tenha sido para referendar uma escolha prévia, de alguém já afeito às discussões do Ministério. Podemos buscar mil hipóteses possíveis!
O fato aqui é que, seja qual foi o motivo da exclusão da escolha lógica e democrática do nome da Rose Norat, os critérios utilizados deveriam ter sido divulgados juntamente com o nome, assim como a não escolha da mais votada.
São estas coisas que fragilizam a utópica democracia brasileira!
Eu poderia até não gostar da Rose como amiga que somos, mas não temos como não reconhecer o seu talento técnico em várias áreas da arquitetura e urbanismo, além da sua capacidade de articulação e gestão.
Cadê o nosso Sindicato dos Arquitetos nesta hora? Discutir por e-mail não vai dar visibilidade a este sentimento de indignação.
Parabéns Rose pela conquista, mesmo que ela não tenha sido referendada.
Claudia Nascimento"

Resposta de Bárbara Prado:

"Olá Cláudia,

É isto! Você toca num ponto interessantíssimo. Onde está o sindicato? Onde estão todas as siglas da arquitetura nacional? Grande parte delas recebeu minha comunicação e minha contestação.
Todas em silêncio ou justificando desconhecer o assunto e em busca de se inteirar antes de se pronunciar.
Sabemos que teremos mais silêncio se assim continuar.
Por isso tomo a liberdade de discordar de você quanto a discussão por e-mails. Ela tem se tornado grande e tem trazido muitas pessoas da indignação à resposta. Esse é um primeiro passo. Não estamos acostumadas a democracia, ainda acreditamos que nossas instituições irão defender nossos interesses profissionais, e quem sabe nossa dignidade. Não creio nelas tão piamente, acredito que ainda são deformadas pela exclusão e precisam amadurecer mais, e por isso precisamos participar. Efetivamente, creio em atitudes concretas e no poder das letras, do papel e o lápis. Conheço Roseane da reunião de Brasília. Não a conheci antes. E confesso, sequer tivemos um contato afável, pois nossas posições foram antagônicas nas discussões ideológicas daquele momento na arquitetura. Entretanto, Roseane, naquele instante representou a vontade democrática de todos os presentes, porem não assumiu. Mas eu vi uma outra Roseane, que até agradeceu humildemente o anúncio de sua suplência para um cargo que era legitimamente seu. Isto mudou nossas posições antagônicas, pois quero o justo prevalecendo ao "acaso".
Quanto ao Ministro. Ah o Ministro! Autoridade máxima da Cultura Nacional! Como professoras precisamos ensinar-lhe democrática e didaticamente que sua escolha foi uma decisão míope, para não dizer que também foi mal-assessorada.

Saudações e um grande abraço, Barbara

Ps: Como não me conhece, me apresento.
Sou Barbara Irene Wasinski Prado Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo - UEMA
Não sou candidata a nada.
Já fui vice-presidente do CREA-MA
Já fui presidente do IAB-MA duas vezes. Já fui candidata a vice-presidente do IAB Nacional e muitas outras coisas efêmeras. Hoje estou interessada em assinar apenas como Cientista Maranhense, pesquisadora em Arquitetura e Urbanismo.
E já conheci todas as tais formas de representação e sinceramente não acredito, por enquanto, que me representem condignamente, por isso ainda estou na Coordenação da Câmara Especializada de Arquitetura e Urbanismo do CREA-MA, aguardando a chegada do CAU."

Sobre a resposta da Bárbara...

"Prazer em conhecê-la, Bárbara "Candidata-A-Nada"! rsrs

São pessoas assim, que não possuem outros interesses além daqueles românticos e transcendentes do bem coletivo que se tornam os grandes. Porque embora a história corriqueira se faça de referências quantitativas, o que fica é a qualidade das pessoas e coisas.
Não desmereci de forma alguma a sua manifestação por e-mail. Acho que ela, muitas vezes, é mais importante e eficiente para a construção de uma discussão consistente e de uma mudança de mentalidade, que um processo formal, seja em que instância for. Mas acho também que os órgãos que dizem ser nossos representantes não poderiam se omitir de estar presentes nesta discussão, como agente em defesa do bom senso, ao menos.
Lamento não tê-la conhecido em Brasília durante as pré-conferências. Estava como representante no segmento patrimônio material e também não fui candidata a nada. Preferi o bom combate das discussões dos tema. Mas percebi na plenária em que estava participando que o discurso de construção democrática foi muitas vezes atropelado pela necessidade de reafirmação de determinadas falas prévias, lamentavelmente.
Sobre a não escolha da Rose Norat como representante titular, acho que todos perdemos. Inclusive o Conselho.

Claudia Nascimento"

E a Bárbara disse...

"Oi Cláudia,

Prazer em conhece-la também.
Obrigada pelas palavras e fique tranqüila, nao achei que estava desmerecendo a minha opiniao. Acredito que diálogos se fazem assim: a gente fala, alguem ouve, uns concordam, outros não concordam, mas todos respeitam o direito de pensar.
Quanto ao incomodo, acho genial tentarmos essa via.
É isso.
Abraços

Barbara"


Acho que encontrei mais uma amiga de infância, alguém do meu planeta...

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