Espírito do Natal Passado
Eu não era nascida quando, em 1961, o empresário Raymundo Ottoni Castro Maya editou, em tiragem única de cinqüenta exemplares, o conto "O Pároco" de Coelho Neto, ilustrado com águas-fortes de Hugo Mund Jr. Foi um mimo, que Casto Maya presenteou a uma seleta rede de amigos, entre os quais estava o meu avô, João de Campos.
As histórias que o meu pai contava sobre o convívio entre os dois, em muito se perdeu na minha memória, mas ficou a essência de uma amizade sincera e profunda, de respeito e irmandade. Grande empresário da produção de óleos vegetais, amante das artes e homem de visão moderna, que nos legou um acervo pessoal de artes, que se constituíram nos Museus da Chácara do Céu (Santa Teresa) e do Açude (Alto da Boa Vista), suas residências, no Rio de Janeiro, agora conhecididos como Museus Castro Maya. Estou distante dos álbuns da família, onde eles estão lado a lado, em vários momentos. Contava meu pai que o seu nome, Paulo Cesar, e do meu tio, João Paulo, eram em homenagem ao filho falecido de Castro Maya. Acabaram falecendo, meu avô e Raymundo Castro Maya, praticamente juntos, diferença de meses.
Identifico agora a herança legada ao meu pai e, em conseqüência, ao menos, a mim. Cresci lendo, vendo, convivendo com arte, através do meu pai. Sei que ia a casas de amigos da família, verdadeiros museus, ateliês de artistas, saraus... poucos nomes ficaram na memória. Me lembro do Dunlop, escultor e filho do fotógrafo e escritor Charles Julius Dunlop, que registrou boa parte das mudanças modernizadoras na paisagem carioca da primeira metade do século XX. História, espaços, discussões estéticas, fotos antigas e esculturas modernistas. Tenho dificuldade, até hoje, em entender em discurso teórico, o que para mim era vivência.
O exemplar número 44 é mais que uma relíquia: é uma porta que se abre a um passado que me pertence mas que não vivi.
As histórias que o meu pai contava sobre o convívio entre os dois, em muito se perdeu na minha memória, mas ficou a essência de uma amizade sincera e profunda, de respeito e irmandade. Grande empresário da produção de óleos vegetais, amante das artes e homem de visão moderna, que nos legou um acervo pessoal de artes, que se constituíram nos Museus da Chácara do Céu (Santa Teresa) e do Açude (Alto da Boa Vista), suas residências, no Rio de Janeiro, agora conhecididos como Museus Castro Maya. Estou distante dos álbuns da família, onde eles estão lado a lado, em vários momentos. Contava meu pai que o seu nome, Paulo Cesar, e do meu tio, João Paulo, eram em homenagem ao filho falecido de Castro Maya. Acabaram falecendo, meu avô e Raymundo Castro Maya, praticamente juntos, diferença de meses.
Identifico agora a herança legada ao meu pai e, em conseqüência, ao menos, a mim. Cresci lendo, vendo, convivendo com arte, através do meu pai. Sei que ia a casas de amigos da família, verdadeiros museus, ateliês de artistas, saraus... poucos nomes ficaram na memória. Me lembro do Dunlop, escultor e filho do fotógrafo e escritor Charles Julius Dunlop, que registrou boa parte das mudanças modernizadoras na paisagem carioca da primeira metade do século XX. História, espaços, discussões estéticas, fotos antigas e esculturas modernistas. Tenho dificuldade, até hoje, em entender em discurso teórico, o que para mim era vivência.
O exemplar número 44 é mais que uma relíquia: é uma porta que se abre a um passado que me pertence mas que não vivi.
Comentários
Abs e ótimas entradas,
Eu que já "me achava", fiquei mais besta ainda...
Conhecia a história muito por alto.
Como vc conseguiu resgatar essa dedicatória??
Essa familia tá cheia de artistas, embora alguns estejam mais para "arteiros" rsrsr