Quem rouba museu/biblioteca, rouba de quem?

Mais um roubo registrado no Museu Paraense Emílio Goeldi. Em 1996, eu era estagiária do Departamento de Museologia do Goeldi quando furtaram duas peças cerâmicas do espaço expositivo no Parque. Um susto danado, pois estávamos fazendo um levantamento físico e museológico da situação da sala de exposição, e já havíamos identificado os pontos críticos de segurança, da infra-estrutura, além das questões de conceito museológico e museográfico. O responsável pela subtração foi consciente e, soubemos, devolveu as peças.
Desta vez, mais um levantamento de rotina, durante um treinamento para manuseio e curadoria das coleções no último dia 17 de dezembro, ao final do expediente, identificou o furto de 40 títulos (65 exemplares) da Coleção de Obras Raras da Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna. Essa biblioteca fica localizada no Campus de Pesquisa do Museu Goeldi, situado na Avenida Perimetral, em Belém. As publicações roubadas datam dos séculos XVII, XVIII e XIX e, dentre elas, destacam-se in-folios de Des Murs, Hernandez, Meriaen, Mikan, Piso, Pohl, Sagra, Spix e Wied-Neuwied. O valor no mercado de colecionadores de obras raras pode chegar a a R$ 2 milhões, no mínimo. Mas isso é só um detalhe: especializada em Antropologia, Arqueologia, Botânica, Ciências da Terra, Ecologia, Lingüística, Zoologia e assuntos amazônicos, a Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna integra a Coordenação de Informação e Documentação (CID), do MPEG, cujo embrião é a biblioteca especializada em História Natural, Geografia, Etnologia e Arqueologia, idealizada por Domingos Soares Ferreira Penna e concretizada, em 1894, por Emílio Goeldi. Muitas das obras raras sob a custódia do Museu Goeldi são peças únicas, referências mundiais para a pesquisa científica e iconográfica da Amazônia.
Em 2006 foi o setor de obras raras da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, a vítima. Em 2004, a Biblioteca do Museu Nacional (Rio de Janeiro). A Pinacoteca do Estado de São Paulo foi assaltada esse ano e há puco mais de um ano foi o grande Museu de Arte de São Paulo-MASP, além do Museu do Ipiranga e um sem-número de instituições, como o Museu do Forte do Castelo, de onde foram furtados dois muitaquitãs durante um ensaio fotográfico. Sempre a maldita insegurança, falta de um plano de conservação preventiva, de controle e pessoal realmente capacitado e ciente da importância do acervo público!
Mas nem tudo são más notícias. Muitas dessas obras conseguem ser recuperadas. O IPHAN registra que 30 bens culturais foram recuperados nos últimos 15 anos. Especialmente o IPHAN possui um Banco de Bens Culturais Procurados, além de um cadastro de colecionadores e comerciantes de obras de arte, a fim de reduzir os riscos e controlar esse mercado.

Além da ampliação imediata do sistema de vigilância e guarda dos acervos institucionais, e da atualização do inventário do acervo, o Museu Goeldi solicita ajuda no resgate desse patrimônio nacional. Informações sobre as obras roubadas, que apresentam uma marca d'água da instituição, devem ser encaminhadas à Polícia Federal, telefone (91) 3214-8014 ou para o Museu Goeldi, (91) 3274-1811.

Ainda, quem tiver informações que possam levar à recuperação de bens históricos e culturais pode ligar para o telefone (21) 22621971, enviar um fax para (21) 25240482, ou mandar um e-mail para bcp-gemov@iphan.gov.br.

Ou entrar em contato com:
Polícia Federal
SCS Quadra 02 - Edifício Serra Dourada – 4 Andar - Brasília – DF - CEP: 70300-902
Telefones: (61) 3321-8487 – 3321-8321 - FAX: (61) 3321-2646
e-mail: interpol@dpf.gov.br


Iphan - Gerência de Bens Móveis e Integrados
Palácio Gustavo Capanema - Rua da Imprensa, 16 sala 910 - Rio de Janeiro/RJ - 20013-120
Telefones: (21) 2220-4646 R.227/228 / 2524-0482 / 2262-1971
e-mail: gemov-bcp@iphan.gov.br

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