Símios

Todo sistema tem seu código. Todo território tem seu contexto. conseguir entendê-los e articulá-los é que é o problema...
Quando me mudei pra Belém, paguei muitos "micos"... Simplesmente comprar pão e leite na padaria da esquina exige conhecimento de etnógrafo, acreditem!! Um simples pão francês no Brasil pode ser chamado de bengala, bisnaga, cacete, massa-grossa, pão-jacó, pão d'água, vara, pão-de-sal, baguete, marroque, e ainda tem as variações, de acordo com o tamanho, a forma ou a massa: careca (que no Rio é outra coisa do que em Belém), cacetinho, broa, massa-fina...
Estou aliviada! Como blogueira recente (não posso dizer nova) nessas lides, sempre fiquei preocupada com minhas gafes virtuais (língua não tem osso, palavras o vento leva, internet não tem fronteira... o mico vira orangotango!). Ter chegado ao honroso posto de quarta colocada na categoria opinião no concurso da Comunidade Blogueiros Paraenses foi um sinal positivo, mas... devemos sempre estar atentos para preservar os micos longe dos nossos atos!
O Maia indicou um blog muito interessante para iniciantes na blogosfera e um post me inspirou a escrever, antes de tentar corrigir meus erros: Os 7 Pecados Capitais que os Blogueiros Cometem. Verifiquei que não vou pro inferno, não por isso, pelo menos!
Me lembrei de um mico-kong que cometi com uma amiga, Regina (continua sendo minha amiga apesar da distância, acreditem, não perdi a amizade dela com isso!): estava na casa dela, estudando feito louca, depois de virar a noite fazendo um projeto, deitada sobre três livros de teoria da arquitetura (Tafuri, Subirats e um outro que não me lembro) quando fiz um comentário bobo:
- Porque a gente não fez um curso mais besta tipo pedagogia?
- Minha mãe é pedagoga...
Sem graça, emendei: tá, biblioteconomia!
- Minha irmã é bibliotecária...
Não fiz mais nenhum comentário (o pai dela era militar, e ainda estávamos no período da Abertura!), mas olhamos uma para a cara da outra e caímos na gargalhada.
Falando em bibliotecário, quando trabalhava na Fundação Cultural do Município de Belém (num período muito crítico, quando houve um esvaziamento técnico que quase inviabilizou o Departamento de Patrimônio Histórico), numa manhã aparece um rapaz novo, passeia pela biblioteca, conversa com a historiadora e vem na minha direção:
- Você trabalha aqui?
- Sim, deseja alguma coisa?
- Estou vindo trabalhar aqui, responde Osmar.
- Que bom! - respondo empolgada - Qual é a sua formação?
- Bibliotecário.
- Ótimo! A gente estava mesmo precisando de um bibliotecário... e começo a desfiar o rosário de problemas do departamento acompanhada pelo olhar doce e paciente do cristão, ao que ele responde, por fim.
- Mas eu não venho como técnico. Vou ser o diretor.
Não sei o que eu fiz a partir daí. Acho que desapareci nas frestas da laje de concreto... mas depois disso nos tornamos muito bons amigos.
Enfim, os micos têm sido bons presságios de amizade. Por isso, se houver algum descompasso entre minha fala e você, leitor, tome isso como um bom sinal e sigamos em frente, achando graça do furo...

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